E constrangeram um certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz. {Marcos 15:21}Durante o ministério terreno de Jesus por onde andava atraia a presença da pessoas. Muitas vezes não era necessário palavras ou milagres para que as pessoas notassem que aquele homem tinha algo sobrenatural e divino. Seus gestos eram tão marcantes e transformadores que até mesmo no repartir o pão e dar graças era de uma maneira única.
Por onde andou cativou, edificou, transformou, acolheu, perdoou e amou. Na sua crucificação a caminho do Gólgota muitos eram aqueles que escarneciam e zombavam. Mas havia também aqueles que choravam e se rendiam em dor por saber que estavam prestes a matar o seu Mestre e Salvador, O Cristo.
A morte de cruz, designada para a escória da sociedade. A maior vergonha e mais profunda humilhação que alguém poderia sofrer.
Como ficava a família diante da sociedade quando um membro seu era condenado a cruz? Afinal as seitas judaicas passaram a ser verdadeiros tribunais impiedosos, que mediam a espiritualidade de cada pessoa com inúmeros rituais. Como ficava sendo visto na sociedade o pai e a mãe de um filho que tivesse sido condenado a cruz? Com certeza a vergonha se alastraria por toda a família. O peso da humilhação e da culpa seria vivida por todos e por muitas gerações.
Todos que eram condenados a morte de cruz tinham que levar a sua própria cruz, era a sua condenação, a sua vergonha.
Mas com Jesus foi diferente. Foi diferente porque devido a profunda tortura que havia sofrido e o tanto de lesões em seu corpo, que segundo aos historiadores estava desfigurado, temeram que ele viesse a morrer antes mesmo de ser crucificado, e por esta razão Jesus foi ajudado.
Quem em sã consciência iria se oferecer a carregar a cruz de Jesus? Os discípulos que permaneceram o acompanharam de longe, aqueles que outra hora o seguiram por toda a parte e que até receberam milagres e testificaram que aquele homem era o filho de Deus, estes estavam em meio a uma multidão enfurecida.
Na verdade ninguém queria ser reconhecido como 'amigo' daquele homem.
E quem seria a pessoa, que sendo justa e honrada, fosse querer passar pela humilhação e vergonha de carregar uma cruz por toda a cidade e ser visto por todos?
Ninguém queria isso para si e para a sua família! Mas Simão foi constrangido a fazê-lo!
Um homem chamado Simão, que veio da cidade de Cirene cai de 'para -quedas fechado' em meio ao maior fato da história da humanidade. Ninguém sabe nada deste homem, a única menção deste homem está nos três Evangelhos (Mateus,Marcos e Lucas) e depois disso ele desaparece na mesma velocidade que surgiu. Marcos é o único que fala que ele era pai e tinha dois filhos. E é aqui que vemos que era um homem honrado. Tinha uma esposa, era abençoado duplamente por ter sido agraciado com dois filhos e estes serem homens. Tinha uma condição de vida financeira boa, pois tinha saído da sua cidade natal para, provavelmente ir a Jerusalém para a festa da Páscoa. O que isto nos denota que era um homem religioso.
Por todos estes motivos tenho plena certeza que não era intenção alguma deste homem se meter em uma confusão no meio da rua e ajudar alguém a carregar a sua cruz. Tanto não era que, a Palavra nos diz que ele foi constrangido a fazer. Este termo aqui empregado, se refere a algum tipo de recuso que Simão teve quando foi chamado pelos soldados romanos. Ele não queria participar daquilo.
Diz a Palavra que ele vinha do campo. O homem tinha acordado muito cedo, estava entrando na cidade. Tinha planos para aquele dia, planos estes que foram interrompidos...
Como é que se pode dizer um 'não' a um monte de soldados armados, um povo enlouquecido e os principais sacerdotes e fariseus a te olhar? Ele foi forçado a fazer, e o fez para que nada de pior viesse sobre ele e sua família.
Não se sabe se ele sabia de quem se tratava, talvez sim ou talvez não. Mas a certeza é que quando ele olha para Jesus e toma para si aquela cruz e a carrega por alguns metros a sua vida mudou.
Para nós que sabemos o que significava aquela cruz e quem era aquele homem, seria uma honra. Mas, pelo menos naquele momento, Simão não sabia que o peso que ele estava sentindo daquele madeiro, era o peso de todos os pecados da humanidade. Não sabia ele que aquele homem desfigurado, que cheirava a sangue e o olhava era o seu Salvador.
Algo aconteceu naqueles instantes até o Gólgota. Simão pode olhar as coisas na mesma perspectiva que Jesus estava enxergando. Pelo ângulo que carregava a cruz, ele sentia o pó da rua em seu nariz, o cheiro de suor e sangue de Cristo era bem mais forte pela sua proximidade, com certeza a sua roupa ficou manchada. Ouvia o que todos diziam, por momentos recebeu as mesmas vaias e risadas. Se sentiu humilhado e envergonhado, o que ele falaria para sua esposa e filhos?
Então ele ouviu Jesus falar as mulheres que o seguiam chorando e lamentando ..." Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!
Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos.Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco?"(Lucas 23).
Que palavras eram aquelas? E que autoridade! Você pode imaginar o que Simão sentiu ouvindo-as?
Por alguns instantes esteve com Jesus, foi participante do momento crucial de sua vida e foi transformado.
A bíblia e os historiadores nunca mais falam de Simão. Mas Paulo fala de sua esposa e filho quando escreve aos Romanos(16:13) "Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e 'minha'. "Esta é a prova que a vida daquele homem mudou e foi tão profundamente tocada, que quando ele chegou em casa e viu a sua esposa e filhos, contou-lhes tudo que havia acontecido. E o que ele presenciou gerou em todos um temor e fé que se estendeu por anos gerando frutos daquele momento, e estão nas palavras de Paulo, que tinha aquela mulher em honra e amor, como se fora a sua própria mãe e que seu filho Rufo era um eleito do Senhor.
Um momento com Jesus transforma a vida de qualquer pessoa. Podemos como Simão, passar nossos dias pela terra e seguir nossos próprios caminhos e planos.
Mas é certo, que em nosso caminho o Senhor Deus sempre de alguma maneira irá nos constranger a olhar para Ele. Em algum momento de nossa caminhada ele nos para e nos faz olhar em sua direção. Muda por algum momento a nossa perspectiva de visão, nos menciona a sua Palavra e nos faz ouvi-lo com nitidez.
E sempre nos convida a segui-lo, a ajudá-lo a carregar 'a cruz', a ser participante da edificação de sua Igreja.
Sempre há o 'dia da visitação'! Para Simão, ele estava vindo do campo. Talvez para nós seja de alguma outra forma, mas Cristo nos visita.
A questão é, que Jesus sempre está presente nos observando e se apresentando como Salvador e amigo, mas cabe a cada um de nós, deixarmos que Ele se torne participante.
A vergonha e a humilhação de alguns instantes de Simão carregando aquela cruz se transformaram em alegria e honra futura. Momentos de dor física e cansaço, se tornaram em esperança e gozo. Uma vida religiosa e limitada se transformou em eternidade. A rotina de seu dia e família se transformaram em sementes de salvação.
Jesus busca aqueles que estejam dispostos a parar com sua vidinha limitada e seus planos terrenos. Quem está disposto a parar de buscar os seus próprios interesses?
Quem ouvirá o chamado? Quem se oferecerá a ajudar a carregar o Evangelho?
Estamos dispostos a sermos reconhecidos nas ruas como aquele que carrega 'a cruz de Cristo'?
É difícil parar e ouvir. É difícil querer entregar o controle do seu dia, da sua vida, os seus planos e sonhos. Foi difícil para Simão, Deus o retirou do campo, o conduziu a cidade e o colocou na cena da cruz. Ele foi forçado para aquela situação. Você pode pensar mas foram os soldados que o empurraram ...Os inimigos de Cristo, naquela cena e que hoje são as trevas que de tão perto nos rodeiam e que muitas vezes nos levam a tantas situações que não queremos. Quem disse que satanás não é servo de Deus? Nada sai do controle e da soberania do Senhor. Nada nos toca se Deus não permite. Talvez o momento de trevas que está vivendo é a maneira que Deus o está constrangendo a para e se render ao seu chamado, não por imposição, mas por que Ele te ama e quer o melhor para você.
Você está disposto a estar ao lado de Cristo ?
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